terça-feira, 15 de março de 2016


Tempos Modernos

O silêncio permeia os ouvidos.
O branco e o preto unem-se harmonicamente.
Um homem aparece.
Bem vestido, sorridente e ingênuo.
Anda tranqüilo pelas calçadas movimentadas.
“Que dia lindo!” - pensa ele.
Opa! Uma casca de banana!
E o rosto de encontro ao concreto...
Sua face apresenta uma hilária expressão de dor.
Junto dela, dezenas de outras se contorcem em um convicto sinal de divertimento.
Os olhos fecham-se lentamente e sorrisos adornam os lábios.
Mas o homem ao chão não sorria.
Seu rosto apresentava indignação.
Sua atenção volta-se para os rostos alegres.
Nenhum se disponibilizou a ajudá-lo.
Raiva.
Abria a boca.
Gesticulava intensamente.
Apontava para as faces não mais alegres.
Mas que também não estavam nervosas.
Estavam confusas?
Não compreendiam nada do que tentava falar.
Não ouviam nada.
O som dissipara-se há muito tempo.
Logo riam novamente do revoltado homem.
Logo retornavam as suas rotinas.
Ora! Não havia som!
Não havia cores a não ser a cinza.
O prisma quebrou-se há tanto tempo!
Não havia porque buscar por compreensão.
Tudo não passava de um filme mudo...